quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Sou uma grunge de 39 anos.



Um dos primeiros posts que eu fiz aqui e exclui por pura burrice foi sobre o filmes do Cameron Crowe chamado Singles- Vida de solteiro.
Se você não conhece o filme vou fazer um resumão, conta a histórias paralelas de jovens que vivem em Seattle e tem suas preocupações financeiras, de carreira e tudo mais. Como todo jovem, na época esse filme me deixou vidrada pois uma das histórias tem como pano de fundo banda, show, grunge.
Eu amava essa época em que a MTV passava todo santo dia e quase toda hora as bandas de Seattle e/ou da cena grunge. Das bandas que eram da moda na época a que eu mais gostava era Alice in Chains, seguida de Pearl Jam. Ainda gosto e fiquei arrasada quando o Eddie Vedder casou e o Layne Stanley morreu, AR-RA-SA-DA!
E se vocês olharem minhas playlists sempre tem um grunge alí, outro acolá misturado com um pop do Bruno Mars e um MPB maneiro.
Noutro dia eu tava em casa e estava passando no canal BIS - Rock n' Roll Hall of Fame Pearl Jam . E cara, Eddie Vedder tá lá inteirão com seus 53 anos ( aliás ele faz aniversário no mesmo dia que o Fernando, hehee) e eles estavam tocando Better Man.


Então pensei, preciso escrever sobre essa música, preciso achar um filme que toque essa música.
Better man não é uma música alegre e se você a canta sem prestar a atenção a plenos pulmões você está fazendo isso muito errado.
A música fala sobre uma mulher que está num relacionamento abusivo e não consegue sair desse relacionamento, e mente pra si que está apaixonada e que está tudo bem. Quantas mulheres vocês conhecem que estão ou estiveram nessa situação?
Até mesmo você já esteve, talvez.
Vedder compôs a música antes de entrar no Pearl Jam, quando estava numa banda chamada Bad Radio. Se você pesquisar um pouco da vida dele entende porque as letras das música nem sempre são alegres. Vedder teve uma vida bem complicada e dizem que Better man é inspirada na relação que sua mãe tinha com seu padastro.


Em algumas apresentações antes de cantas a música ele devidicava a música :"The Bastard who married my mother."
A música está no álbum Vitalogy (1994) e faz parte da trilha sonora do filme Sete dias sem fim.


Sete dias sem fim é um filme de 2014 com direção de Shawn Levi ( O Grande Mentiroso, Gigantes de Aço e a franquia Uma Noite no Museu, Recém Casados e Doze é demais) e roteiro de Jonathan Tropper, baseado no seu livro de mesmo nome.
Com um elenco cheio de nomes conhecidos como Jane Fonda, Jason Bateman, Tina Fey e Adam Driver, o filme conta a história da família de Judd ( Jason Bateman) em especial Judd que numa tacada só perde o emprego, se divorcia e recebe a notícia de que seu pai faleceu...
E por conta disso ele tem que voltar pra sua cidade natal pois haverá enterro, cerimônia e aquele encontro familiar super desejado.


Como em qualquer família normal todos tem suas diferenças e nesses sete dias muitas coisas afloram e muita confusão e atrito acontece.
Sabe aquela sensação de você sair da casa dos pais e por algum motivo você é obrigado a voltar pra lá? Fracasso, é essa o sentimento de Judd.
Retornar aquele lar é o próprio fracasso.
O filme tinha tudo ou quase tudo pra ser um baita filme mas é só um filme ok.
Adam Driver é horrívelmente horrível, pior que Kylo Ren, Sério.
Mas Jason Bateman está ótimo, assim como Tina Fey e Jane Fonda.


E toca Better Man, rs
Bom final de semana.
PS: Se você não sabe identificar se você está num relacionamento abusivo tem esse vídeo da Jout Jout que pode te ajudar:


PS²: tem esse texto aqui da Aline Valek que também pode te ajudar:
Como reconhecer a armadilha do relacionamento abusivo

PS³: esse aqui tb é bom: precisamos falar sobre gaslighting

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

I was loved for a minute, then I was hated. Then I was just a punch line.

Se você tem mais de 30 anos e assistiu Flashdance na infância provavelmente já se imaginou patinando ao som de Gloria. 



Conheço algumas que já até realizaram esse sonho, rs
É uma coisa meio mágica, como se a música tivesse sido feita para patinar. 

Eis que na minha maratona do Oscar quando fui ver Lady Bird não me lembro se quando psotei que estava vendo ou no grupo de cinéfilos a Juliana falou: "Miga, você precisa ver I, Tonya. Toca Gloria."
Sim, precisava mesmo ver. 




Antes de ver acabei lendo um artigo sobre o filme escrito pelo pai do Felipe Andreoli e lembrei vagamente do caso. Quando o Fernando foi procurar tanto a foto de Tonya Harding e de Nancy Kerrigan que me deu um click. Lembrava mais de Nancy do que de Tonya e pelo filme até entendi porque. 



I,Tonya foi dirigido por Craig Gillespie (A Garota ideal - recomendo, A Hora do Espanto (2011) e Horas decisivas) e roteiro de Steven Rogers (Lado a Lado, Kate & Leopold e P.S. Eu te amo).
Tonya Harding foi uma patinadora de gelo que ganhou o campeonato americano e foi medalha de prata no mundial de 1991, foi a segunda mulher a conseguir fazer o Triple Axel e a primeira norte americana a fazê-la. Daí você deve estar se perguntando: se ela só ganhou isso na vida pra que um filme sobre a vida dela?Por que infelizmente pra ela não foi só por isso que ela ganhou destaque mundialmente. E é pra esse evento que o filme vai nos levar. 
Craig e Steven dão um tom cômico a narrativa e fazem como se os personagens estivessem dando entrevistas e pra não ficar ão pesado dão um toque de humor.




O filme começa com a mãe de Tonya indo procurar Diane, um treinadora de patinadoras. Diane se recusa pois Tonya tem somente 3 anos mas ela muda de ideia quando vê a garotinha patinar.
LeVona Harding , mãe de Tonya, interpretada por Alisson Janney (Histórias cruzadas, Juno, Beleza Americana, Hairspray, a lista é enoooorme) é daquelas típicas mães americanas que só quer saber da vitória da filha. Ela TEM QUE ser a melhor, ser campeã e não importa a que custo, nem que custe a menina parar de estudar, por exemplo. 



Quando Tonya não está patinando ela está com seu pai caçando. E eu acho que é no pai que ela tinha a válvula de escape. Mas como nem tudo são flores o pai vai embora de casa e resta pra Tonya a sua mãe louca.
O tempo passa e Tonya se torna adolescente e por conta da criação que tem ela não é nem um pouco sociável. Mas num belo dia ela está treinando e um rapaz está olhando pra ela. Esse rapaz é Jeff Gillooly ( Sebastian Stan , o Buck do Capitão America) com quem Tonya teve um relacionamento abusivo e se casou.



As cenas de violência contra ela são exageradas mas não chocantes daí que entra o humor negro da coisa.
Tonya é completamente desequilibrada e como disse o Fernando : uma atleta não pode ser tão desequilibrada assim.
Mas ela nunca teve nenhuma estrutura familiar ou qualquer outra pessoa que fizesse esse papel e pra piorar só se cercou de gente tão desequilibrada quanto ela.
Então ela fica obcecada pois nunca consegue notas que ela acha que merece, chega a perguntar porque ela não consegue as notas a um jurado que responde que ela não tem o perfil, que Nancy por exemplo tem ( por isso que eu lembro mais da Nancy) de garota correta com uma família estruturada. 



Tonya até chega a falar com a mãe que praticamente manda ela ir catar coquinho e fala que deu a filha um dom. To falando que a vida dela não foi fácil?
Então Tonya recebe uma ameaça de que se ela for treinar ela sofrerá um ataque, Jeff planeja com Shawn Eckhardt  mandar cartas de ameaças para Nancy pra que ela também fique abalada emocionalmente.
Mas ninguém contava que Shawn fosse completamente idiota e Shawn planeja um ataque a Nancy. 



Nada disso que eu to escrevendo é spoiler. Se você procurar qualquer informação sobre o caso na internet vão aparecer todas essas informações, fiquem tranquilos. 
E tudo vira uma sucessão de erros. Tudo. Seria menos louco se não fosse verdade. 
Todas as músicas da trilha sonora se encaixam perfeitamente as cenas onde aparecem, não são músicas colocadas ao acaso. 
Gloria aparece exatamente na cena em que os caras contratados por Shawn estão indo atentar contra Nancy. 
I, Tonya merece ser visto muito mais pelas interpretações de Margot Robbie e Allison Janney do que pela história em si que já é conhecida, não que essa história não seja interessante.   
Vamos voltar pra música. 
Gloria é uma música de 1979 e que foi originalmente composta e gravada por Umberto Tozzi
Sua versão em inglês foi feita por Jonathan King,a versão de Laura Branigan que é a que toca no filme e  a que a gente conhece foi gravada em 1982 e rendeu ma grana bem boa. 
Ah, depois do julgamento do ocorrido Tonya foi proibida de voltar a patinar e virou boxeadora.


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Gorda!



Eu sou, sempre fui e serei gorda. Isso num determinado momento da vida me incomodou. Me incomodou mais por ter que ouvir frases do tipo: " Você é tão bonita... Por que não emagrece?"
ou "Se você não emagrecer você NUNCA vai namorar." ou ainda e várias vezes " VOCÊ PRECISA EMAGRECER."
Eu acho que só a pessoa sabe se ela precisa ou não emagrecer. Não, não to incentivando a ninguém largar mão de tudo e descuidar da saúde mas sim pra pessoa viver bem, sem neuras seja ela gorda ou magra.
Há essa ideia de verdade absoluta que gordos não são saudáveis mas já vi muito magro mega doente e gordos super saudáveis, então ser saudável não tem nada a ver com a estética.
Mas vocês devem estar se perguntando por qual motivo eu to falando disso num blog sobre cinema e música?
Pois bem, convido vocês a pensarem em personagens gordxs no cinema e na música.
Cinema: Eddie Murphy em Norbit, Martin Lawrence em Vovó..Zona, ou x gordx que cai em cima dx magrelx, x gordx que sobra prx amigx dx outrx que fica com x gostosx, x gordx que é nerd e esquisitx, x engraçadx. Aliás todo mundo acha que a condição de você ser gordx é você ser comediante.


Os esterótipos são diversos.
Durante anos eu me sentia representada por dois filmes: O casamento de Muriel e O amor é cego.
No caso de O casamento de Muriel porque me sentia uma fracassada que mendigava a amizade das populares , que sonhava com o príncipe encantado mas que gorda nunca casaria.



E no caso de O amor é cego porque as pessoas , algumas , me viam pelo que sou e não pelo meu físico mas muitas vezes vi pessoas rindo de mim e debochando, como acontecia com Rosemary , personagem de Gwyneth Paltrow.


Hoje em dia o que eu tenho em comum com elas? Fui viver minha vida, amo o ABBA e sou uma ótima pessoa, ou tento ser o melhor que posso.


Hoje em dia ainda temos esses esterótipos porém temos mais atrizes gordas em destaque, eu gostava muito da atriz de Drop Dead Diva ( Brooke Elliot) mas desde Gilmore Girls eu amo a Melissa McCarthy. Ainda temos Queen Latifah (Taxi), Gabourey Sidibe( Preciosa), Rebel Wilson ( A Escolha Perfeita, e me falaram de uma séria que se chama " My mad fat diary" com Sharon Rooney que eu ainda não vi.


Atores temos Jack Black, Jonah Hill, Kevin James, Anthony Anderson.


Agora vamos pra outra parte da minha pergunta lá em cima, e na música?
Quantas cantoras gordas vocês quiseram emagrecer e que tentaram por causa da pressão da imagem mas acabaram voltando a ser com são?
Kelly Clarkson, Adele, Marília Mendonça ( porque não?)
Mas tem as que se mantiveram como Beth Ditto ( Gossip) e Brittany Howard (Alabama Shakes).


Dito tudo isso vou falar da música que eu escolhi: Make You Fell My Love.
A música foi composta e gravada originalmente por Bob Dylan no álbum Time Out of Mind (1997) mas foi lançada antes por Billy Joel no mesmo ano.
Há outras versões dessa música gravadas por Garth Brooks, Brian Ferry, Kelly Clarkson e Adele.
Essa versão da Adele é a que eu mais gosto e está na trilha sonora de Quando em Roma.
Mudança de planos, vou deixar essa informação dessa música e nome do filme onde está e falar de outro filme porque achei que Quando em Roma apesar de ter música da Adele na trilha não cabe nesse post, não "orna" sabe ?
E já que é pra tocar nesse assunto vamos falar de Preciosa...


Preciosa é um filme de 2009, dirigido por Lee Daniels. Levou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Mo'Nique ( e o Globo de ouro, BAFTA e SAG) e Melhor Roteiro Adaptado. Baseado no livro Push, que veio pro Brasil como Preciosa.
O filme se passa no Harlem, em 1987 e conta a história de Clareece Preciosa Jones, uma adolescente de 16 anos,negra, obesa, analfabeta, mãe de uma filha pequena que ela chama de Mongo ( diminutivo para mongolóide como ela mesma explica) e grávida de seu segundo filho. Preciosa não consegue aprender na escola regular e também não socializa, por motivos bem óbvios. Com tudo isso e sua segunda gravidez a coordenadora do colégio a transfere para a escola alternativa onde ela vai se sentir acolhida e vai aprender a viver melhor.


Preciosa vive com a mãe e o pai , sua mãe Mary ( Mo'Nique) a maltrata demais, xinga, bate. É como se ter tido a filha tivesse sido a pior coisa do mundo. O Preciosa como segundo nome chega a ser uma ofensa pois pros pais ela não tem nada de preciosa. O ódio da mãe vem muito provavelmente da rejeição que o marido tem dela e isso deve ter iniciado quando Mary engravidou depois porque o marido começa a procurar Preciosa. Sim, o pai de Preciosa a estupra com frequência e sim, os dois filhos dela são fruto dessa violência.
As ofensas não se restringem a sua casa, seguem pelo colégio e pelas ruas.
O filme é uma porrada atrás da outra mas vale ser visto, debatido.


Enfim, como diz no começo do filme: TUDO É UMA DÁDIVA DO UNIVERSO

Boa semana e bom carnaval seja lá como você vai curtir o seu.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

LADY BIRD

Você se lembra de como você era quando tinha seus 17 para 18 anos?
Acredito que os mais jovens, os que não faz tanto tempo assim que esse período se foi devam lembrar com mais detalhes.
Eu lembro bem pouco. Não sei se quis apagar essa fase da memória ou se nada de muito relevante aconteceu.
O fato é que nós somos bem insuportáveis nesse período.
Por que eu to escrevendo tudo isso?
Porque assistimos Lady Bird.
Lady Bird é uma adolescente prestes a entrar na vida adulta. Lady Bird não se chama Lady Bird, óbvio, mas sim o nome que ela deu pra si. Quem de vocês nunca usou um outro nome nas redes sociais, nos app de paquera, chat do uol ( hahaha) ?


Tive dezenas de amigos que adotavam o sobrenome de seus ídolos da música, cinema: Lavigne,  Hetfield, Tarantino, Herzog, Allen, Potter, Cobain, Vedder, ...
Ela se chama Christine Mcpherson e que está naquele momento da vida em que existem muitas expectativas para tudo, faculdade, namoros, amizades. Quem a interpreta é Saoirse Ronan que eu considero uma baita atriz e ela me fez ficar com vontade de dar uns petelecos nela pois adolescentes são bem chatinhos né?

Ela vive com os pais, o irmão e a cunhada em Sacramento, detesta a perspectiva que sua mãe traça pra ela de fazer uma faculdade por alí, de preferência uma faculdade que seja nos moldes da escola que ela frequenta, ou seja, ligada a religião . Discute com todo mundo, a dona da verdade. rs
A mãe nunca deixa barato e por elas serem tão parecidas é que as discussões sempre acontecem.

Já o pai é quem pondera tudo.
Ela provavelmente acha o irmão um inútil que é formado mas não exerce a profissão. Num dos diálogos em família que ela tá la reclamando que o ovo não tá cozido direito, a mãe manda que ela mesma faça e ela retruca falando que não faz porque a mãe não deixa, o irmão fala com ela e ela fala que ele e a namorada nunca conseguirão um emprego decente se não tirarem seus piercings...

Lady Bird é cheia daquelas atitudes que todos nós já tivemos por acharmos que sabemos de tudo, podemos falar o que quisermos e podemos tudo. As consequências vem e no caso de Lady Bird vem até que bem suave.
Lady Bird é tida como esquisita e tem como sua melhor amiga  Julie, que é gorda. Por que eu escrevi isso?


Porque a gorda normalmente é amiga da esquisita.
Confesso que quando o filme acabou eu fiquei meio , tá... É ok.  Mas Lady Bird tem o seu valor e seu porque de estar concorrendo a melhor filme, melhor direção, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro original. Ele é verdadeiro e simples mas infelizmente não deve levar nenhuma das indicações, talvez por melhor atriz coadjuvante, talvez.

adoro essa parte do filme. 

A trilha sonora tem Dave Mathew's Band, Monkeys, Alanis Morissette ( https://itunes.apple.com/us/album/lady-bird-soundtrack-from-the-motion-picture/1332139222 ) e é sobre Hand in my pocket que eu escolhi.
Por quê?
Porque a cena que tem a música mostra a cumplicidade entre Christine e seu pai, cena essa em que ela até fala pro pai que Alanis levou 30 minutos pra compor a canção. 
A música está no álbum Jagged Littl Pill de 1995. O clipe foi dirigido por Mark Kohr. Apesar de não ser a música de maior sucesso do álbum ela ajudou a divulgá-lo.