quinta-feira, 31 de agosto de 2017

We're all sensitive people... With so much to give...

Eu estava cozinhando num domingo passado e eu gosto de por música pra cozinhar. Minha mãe também gosta.
Posso dizer que a família toda gosta.
Cozinhar é uma forma de demonstrar amor pela pessoas,é mais ou menos isso que Mia Couto diz.
Voltando ao assunto que interessa, eu estava cozinhando e coloquei uma playlist do Spotify de Soul e começou a tocar Marvin Gaye, eu amo Marvin Gaye.
E tem filmes que algumas músicas são cantadas ou tocadas que não tem como dissociar a música da cena.
Let's get it on é tocada em Alta Fidelidade, filme que é baseado em um livro de Nick Hornby. Se não me engano Hornby teve mais dois livros que viraram filme: Educação e Um Grande Garoto.


Os livros de Hornby são de fácil leitura e você consegue imaginar um roteiro e os atores que interpretariam aqueles personagens. Isso aconteceu comigo quando lí "Como Ser Legal", aliás ganhei esse livro do meu irmão e me senti ofendidíssima na época porque achei que ele tava me dando tipo um manual de como ser legal porque eu era chata, larguei o livro de lado e um tempo depois li, tinha nada a ver com o que eu pensava. Nem é sobre Como Ser Legal que vou falar, é sobre Alta Fidelidade mesmo.
A história é a seguinte: Rob Gordon  (John Cusack) é um homem com seus trinta e poucos anos e que acaba de ter seu relacionamento terminado. Rob é dono de uma loja de disco, o que rende ao filme uma trilha sonora beeem legal.
Trabalham com ele Barry (Jack Black) e Dick (Todd Louiso) e que chegaram na loja pra ficar uns dias e nunca mais foram embora. Aliás a gente se identificava muito com a Championship Vinyl ( esse é o nome da loja de Rob) quando trabalhávamos na locadora, a gente achava que só a gente sabia dos filmes do filme e que algumas pessoas não podiam ver alguns filmes específicos porque elas não eram boas o suficiente para assistí-los... imagine comprá-los?


Então, numa das cenas estão os 3 na loja e mais um cliente e eles estão fazendo um top 5 de músicas, um papo bem descontraído que posso dizer que já presenciei o Fernando e os meninos da The Records e também no Tuca Disco, Eis que entra um outro cliente e pergunta se eles ainda tem um disco e Barry vai buscar, quando o cliente pergunta quanto é ele diz que não está a venda.
A gente fazia isso na locadora as vezes, muitas vezes.
O filme vai misturando momentos atuais e lembranças de  seus relacionamentos, aliás é particularmente nisso que a narrativa do filme se baseia e fazia com que os meninos da locadora adoravam nesse filme. Rob resolve entender porque seus relacionamentos fracassaram e ele sempre teve certeza que a culpa tinha sido sua por isso vai procurar as 5 ex-namoradas mais relevantes.
Ah, tem sua relação com Laura (Iben Hjejle) a seu ex-namorada mais atual.


No elenco temos também Joan Cusack como Liz, amiga de Rob e Laura, Tim Robbins como Ian ( atual rolo de Laura) e Catherine Zetta Jones como Charlie, uma das ex-namoradas de Rob.
Alta Fidelidade é de 2000, foi dirigido por Stephen Frears e que recentemente dirigiu "Florence: quem é esse mulher?" com Meryl Streep.
Let's get it on é m hino sexy, está no álbum de mesmo título lançado em Junho de 1973, composta por Marvin Gaye e Ed Townsend. Quando Townsend compôs a música ele havia acabado de sair de uma clínica de Reabilitação e a música tinha um sentido religioso. Quando Gaye pegou a letra a mudou completamente. Ficou no topo da Billboard por duas semanas e também é um dos melhores lançamentos da Motown.


Além de Alta fidelidade você também pode ouvir a música na trilha de Bridget Jones - no limite da razão, Crossroads, A Era do Gelo: O Big Bang, Hoje eu quero voltar sozinho, Nove meses e muitos outros filmes e séries.
Townsend disse que Let's get it on não era uma música política mas sim uma música dedicada ao amor e ao sexo.
Acho que ele tinha razão.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Power to the people! Stick it to the man!

Sempre que eu penso em escrever um post ou começo pelo filme ou por uma música, Se escolho pelo filme preciso achar uma música que me chame a atenção nesse filme e escrever sobre as duas coisas, dessa vez escolhi pela música.
No dia 17 de agosto fez 30 anos que o Guns n' Roses lançou Sweet Child O' Mine e minha querida amiga Cinara postou isso no Twiter.
Então me veio a questão: "Qual filme tem Sweet Child na trilha?"
A minha memória é uma coisa lhoca ao mesmo tempo que lembro de coisas que ninguém lembra, esqueço de outras. Coloquei a cachola pra funcionar e lembrei de Capitão Fantástico. Pedi até perdão por ter esquecido desse filme. Como pude não lembrar dele de cara?
Porque esse filme merece um post e essa música tem muita importância nesse filme é deles que vou falar.
Bueno, por onde começar? Pela música que é mais fácil...
Sweet Child O' Mine está no álbum de 1987, Appetite for Destruction.


 Dizem que a música surgiu por acidente, Slash estava dedilhando sua guitarra pra "soltar as cordas" e saiu a introdução da música. Então Steven Adler o acompanhou e Izzy também entrou nessa brincadeira, inserindo alguns acordes. Duff fez então a linha de baixo e Adler a bateria. Essa é uma história.
A outra versão tem tudo isso aí mas que Axl fez a música pra sua namora e que ainda ofereceu metade dos lucros da música já que ela foi sua musa inspiradora.
Quando a música estava sendo gravada o produtos Spencer Proffer disse que a música precisava  de algo mais pois terminava no solo do meia, precisva de um breakdown. Ninguém sabia o que podia ser feito até que Axl começou a dizer "Where do we go ?Where do we go now?" e Proffer disse: é isso. Dizem que é verdade.


Foi a única música da banda a entrar no topo da Billboard e ganhou o Disco de Platina ( aliás isso ainda existe?) nos EUA.
O clipe foi dirigido por Nigel Dick que "descobri" nas minhas pesquisas dirigiu alguns clipes da Britney (Baby one more time e Ooops.. I did it again ,por exemplo) e Paradise City que é um clipe bem simples mas eu adooooooro!  Tem as namoradas dos integrantes da banda e o cachorro do Izzy, eu gosto bastante do cachorro.



Podemos encontrar a música na versão de Sheryl Crow em O Paizão, em O Lutador (2008), lá vem outra historinha, o filme tinha um orçamento baixo e queria usar a música na sua trilha, Axl liberou o uso sem que recebesse nenhum valor por isso.




E em Capitão Fantástico.
Com o perdão do trocadilho, Capitão Fantástico é fantástico mas como diz meu amô, não é pra todo mundo.
Capitão Fantástico é um filme de 2016, dirigido pelo novato Matt Ross.
Matt Ross é ator , seu primeiro filme foi  28 Hotel Rooms (2012)  não fez muito sucesso nos EUA e nem veio pro Brasil. Capitão Fantástico é seu segundo filme e provavelmente por ele ter amadurecido foi bem melhor, tanto que foi aplaudido por 10 (DEZ) minutos quando foi exibido em Cannes.


 Com roteiro do próprio Ross, posso dizer que com "Eu, Daniel Blake" é um filme que vem a calhar com a atual conjuntura do mundo,
No elenco temos Viggo Mortensen (sempre que vejo um filme com ele , penso : Como o cara é bom né? Tenho o mesmo sentimento com James Mcavoy e Mads Mikkelsen) como Ben, o pai da família que junto de sua esposa Leslie decide formá-la longe da sociedade, isolados de tudo, sem TV, internet e etc.
Criam os 6 filhos, Bo, Vespyr, Kielyr, Zaja, Rellian e Nai, dando a eles noções de civilidade, liberdade, sobrevivência.


Leslie pouco aparece, exceto nas lembranças de Ben, pois está hospitalizada e depois vem a falecer (Calma, isso nem é spoiler pois aparece inclusive no trailer). Eles são proibidos de irem ao funeral e enterro de Leslie mas há uma promessa que foi feita para o funeral da mãe e ela precisa ser cumprida.
Contra a vontade do sogro Jack ( Frank Langella que vocês devem lembrar por Frost/Nixon) eles seguem para a cidade e a viagem tem várias passagens interessantes. É bom demais ver como Ben cria seus filhos como quando ele questiona Kielyr o que els está lendo e ela está lendo Lolita. Ben pede que Kielyr dizer o que ela está achando o livro, ela diz: "Interessante", "Perturbador" e vem como palavras vazias, não tem ali uma opinião real. Ele confronta e manda ela ser mais específica e ela dá o enredo do livro e não é isso que ele quer, ele quer que ela dê sua opinião.

Outro momento que mostra como ele educa seus filhos é quando ele é questionado por sua irmã Harper (Kathryn Hann, que sempre faz papeis coadjuvantes em comédias românticas como "Como perder um homem em 10 dias" e "O amor não tira férias", mais recentemente fez Bad moms que não vi), e seu cunhado Dave (Steve Zahn, esse vocês deve ter visto vários filmes com ele) exatamente sobre essa educação e sugerem que ele deve integrá-los a sociedade, que tudo aquilo está prejudicando seus filhos.



Ben então chama seus sobrinhos e pergunta sobre a Declaração dos direitos a eles e é óbvio que eles não sabem responder. Então chama Zaja, que a inicialmente começa a falar letra por letra a declaração e Ben mais uma vez faz com que a criança fale a respeito e não declame.
Esses conflitos também acontece com Jack porque Jack representa tudo que Ben é contra. E nesse momento você pensa; "Como o capitalismo é cruel... " , tão cruel que põe em cheque esse ideal de liberdade, de não querer depender do capitalismo, até onde é possível viver dessa maneira.
Mas ainda assim eu continuo sonhando em criar filhos que pensem, que articulem , que questionem.
E marquem na agenda, dia 7 de dezembro é dia de Noam Chomsky.
Ah, e a cena que tem a música é emocionante. Poder ao povo! Abaixo o sistema!


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Sempre que temos uma chance de avançar, eles mudam a linha de chegada.

Todo ano sempre acontece a mesma coisa, em janeiro a Academia anuncia indicados ao Oscar e eu fico desesperada para assistir TODOS eles. Confesso que nunca consegui e muitas vezes eu não me interesso por todos.
Nesse ano teve 2 que eu quis muito ver: Moonlight (que eu ainda não assisti) e Estrelas Além do Tempo e é sobre ele que vou falar nesse post.
O filme é de 2016, foi dirigido por Theodore Melfi que até então só havia dirigido curtas e um filme com o Bill Murray  chamado "Um Santo Vizinho" , que confesso não conhecer.



Baseado no livro de mesmo título da autora Margot Lee Shetterly, Estrelas além do tempo conta a história de mulheres afro-americanas que eram contratadas pela Nasa, excelentes em contas e ficavam escondidas num quartinho lá longe de tudo e de todos, dando destaque a três delas: Katherine Johnson ( Taraji O. Henson) , Dorothy Vaughan ( Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monàe).
Logo no início elas estão indo trabalhar e o carro dá tilt, Dorothy então vai arrumar e um policial pára pra saber porque 3 mulheres negras estariam paradas no meio da rodovia...
Policia pára, né? Para hoje, imagine na década de 60 ?
Muitas questões tratadas no filme ainda acontecem: o racismo e o machismo, por exemplo.
Como quando Katherine é transferida para o Departamento de Controle e Orientação de Divisão de Pesquisa de Voo e acham que ela é a nova faxineira. Além de colocarem uma garrafa de café para pessoas negras...
Ah, tem a passagem do banheiro, que ficava no outro prédio (1,6 km pra ser mais exata).
Então toda vez que Katherine tinha que ir ao banheiro demorava um baita tempo e por isso se ausentava do seu local de trabalho


Seu chefe Al Harrison ( Kevin Costner) cobra porque ela nunca está alí e ela solta o verbo. Essa cena é sensacional. Essse fato aconteceu mesmo mas não com Katherine e sim com Mary Jackson, Katherine apenas apoiou a amiga.
Dorothy é supervisora, não oficialmente, do departamento onde Katherine trabalhava  e ela sempre questiona a sua chefe Vivian Michael ( Kirsten Dunst) sua efetivação como supervisora. Vivian sempre com desculpas desconversa. Num certo dia Dorothy está levando documentos a Vivian e vê que estão instalando computadores.
Esses computadores vão substituir exatamente o trabalho do seu departamento. Porém ninguém sabe operá-los e Dorothy vê nisso uma oportunidade.


Mary Jackson é convidada a trabalhar no túnel do tempo supersônico e pra isso também enfrenta preconceito, machismo. Mary tem que enfrentar inclusive em casa o machismo de seu marido que não aceita que ela vá para a universidade para sua pós graduação,
A vaga é nua universidade para brancos e Mary tem que entrar com um processo para conseguí-la.
Na audiência argumenta ao juiz que quer fazer história e ser a primeira mulher engenheira da Nasa a entrar para a história.
O filme conta também com Jim Parson ( sim o Sheldon de The Big Bang Theory) que rivaliza com Katherine, sabe aquela coisa de "impossível uma mulher e negra" saber fazer esses cálculos.
Ah, vale lembrar que o projeto em que elas estavam envolvidas não era algo simples, era só o projeto de levar o homem a Lua.


Agora e a música? Que música você escolheu Dona Guta?
Esse filme tem uma trilha sonora maravilhosa e foi cuidada por Pharrel Willians, Benjamin Wallfisch e Hans Zimmer . Escolhi Jalapeno pra vocês ouvirem porque não tem história sobre a canção, é só porque ela é muito boa mesmo. Tem a Playlist no Spotify e vale demais baixar.