sexta-feira, 10 de setembro de 2021

“ A great guitar requires a great song.”



Vou propor algo a vocês.. imagine que vc é um artista/músico de não muito sucesso.. imaginou?
Vamos além, pense no seu (sua) artista, banda, cantor (a) preferido (a)... Agora imagine que essa banda de repente sumiu do mapa, ou melhor, que nunca existiu mas só você conhece a banda e as músicas dessa banda, desse artista ? O que você faria?
Parece muito maluco?
Pois essa ideia maluca é o roteiro do filme Yesterday e quem é responsável por esse roteiro são Richard Curtis que tem meu coração desde "Quatro casamentos e um funeral" ,inclusive já dediquei dois posts de filmes com roteiro dele nesse modesto blog: PIRATAS DO ROCK e QUESTÃO DE TEMPO . No caso de Yesterday ele tem a parceria de Jack Barth. Com um roteiro tão maluco só um diretor meio maluco poderia dirigir e esse diretor Danny Boyle. 


Em Yesterday o artista com pouco sucesso é Jack Malik (Hemish Patel) que tem sempre na plateia seus amigos que tirando Ellie (Lily Jamer) estão lá mais por serem amigos dele do que por acreditarem na sua arte. 
Ellie além de amiga de Jack é também sua empresária/agente e num belo vai até o mercado onde Jack trabalha para falar que conseguiu uma oportunidade incrível e que ele faria um show num palco pequeno mas num festival muito conhecido. 
Jack fica eufórico, vai tocar no festival e ele toca para seus amigos, duas crianças e um casal. Só... Nese festival ele reencontra seu amigo Rocky (Joel Fry). Mas depois que o show acaba e tal, Jack decicde que aquilo tudo já deu pra ele e na volta pra casa ele fala pra Ellie que vai voltar a lecionar. 
Ellie não concorda e Jack parece estar decidido, ele sai do carro, pega sua bicicleta e segue pra casa. Mas algo muito inusitado acontece, as luzes do mundo começam a apagar, apagão mundial, bicho! E Jack é atropelado. 
Quando Jack está no hospital ele fala para Ellie : "Will you still need me, will you feed me when I'm sixty four?" e a reação dela é "Why sixty four?"
Até aí ninguém é obrigado a entender a referência, não é mesmo ?
Bom, Jack tem alta do hospital e Ellie o leva para encontrar seus amigos que dão presentes a ele e Ellie dá um violão de presente pois o dele quebrou quando ele foi atropelado. Então todos pedem pra que ele toque e cante algo e ele canta Yesterday e é isso que acontece: Jack tocando Yesterday





IT'S NOT COLD PLAY, IT'S NOT FIX YOU, pqp. rs
Então Jack fica intrigadíssimo porque como ninguém sabe quem são os Beatles? Como? 
A principio ele começa a listar as músicas conforme ele vai lembrando delas mas depois vê aí a oportunidade de se beneficiar com as canções, já que ninguém as conhece porque não tomá-las como dele?
O que até determinado momento dá certo, ele vira um sucesso, um fenômeno mas chega aquele momento em que ele começa a analisar se o que ele está fazendo está certo e se é aquilo que ele considera trazer felicidade a ele. 
Entre o sucesso estrondoso e o momento de reflexão de Jack aparecem duas pessoas que conhecem as músicasda banda e ele até encontra um dos Beatles. 
Ah, tem algumas piadas com não existir Coca Cola no mundo, só Pepsi e Oasis , a banda, também não existe. 
Temos no elenco a sensacional Kate McKinnon como Deborah, empresária de Jack quando ele vira um sucesso, James Corden e Ed Sheeran como eles mesmos. 





Além de ter uma trilha sonora maravilhosa (pra quem gosta de Beatles) o filme flui, a mão de Curtis é boa demais para roteiros e a direção de Boyle também dá o toque especial.
E com uma trilha tão especial sobre qual música escrever? 
Confesso que fiquei muito em dúvida, eu ia escrever sobre Hey Jude, que Paul McCartney fez para Julian, filho de John com Cynthia, e na ocasião eles haviam se separado e Lennon foi viver com Yoko Ono. 
Mas o meu amô e o maior fã de Beatles que eu conheço me sugeriu falar exatamente sobre Yesterday e começou a falar tudo que ele sabia sobre a música, eu adoro quando ele faz isso. 
Então vamos falar sobre ela. 
Yesterday está no álbum Help de 1964 e foi composta por Paul McCartney, mas como?
Paul conta que acordou com a melodia na cabeça , foi parao piano e começou a tocá-la meio em duvida se ele estava compondo uma nova música ou apenas plagiando alguém e pra ter certeza disso ficou por um mês pesquisando se havia alguma música como aquela, Enquanto essa certeza não vinha ele colocou como título da música Scrambled Eggs e ficava cantando "Scrambled eggs, oh you've got such lovely legs" ainda bem que veio a luz a mente de Paul e ee depois de um tempo finalmente concluiu a composição dessa belíssima canção. 
A música fala sobre uma história de amor que acabou com sofrimento e tristeza como muitos outros fins de relacionamentos mas apesar de tudo isso ele tem os bons momentos vividos e fica ali a vontade de revivê-los. 
Mais uma informação sobre essa música é que ela foi a primeira música composta por um único membro da banda e por não ter a identidade da banda quase não entrou no álbum mas Paul geminiano com Lua em Leao e Ascendente em Vurgem (informações irrelevantes) bateu o pé e ganhou a parada. 
Yesterday também bateu recordes de reproduções nas rádios e é a música com mais regravações com versões que vão de Marvin Gaye a Billie Eilish. 
Eu prefiro a versão original e até a de Hemish para o filme. 
Essa então é a minha sugestão de filme para o final de semana, se cuidem. 



sexta-feira, 27 de agosto de 2021

" ALTERADA NÃO É UMA LOUCA, É UMA MULHER QUE ESTÁ MUDANDO!"




 Eu estava pensando que eu pouco escrevo sobre filme brasileiros, escrevi sobre "As Melhores Coisas da Vida" e "Um Namorado Para Minha Esposa". Pois bem, como ainda não assisti Tropa de Elite ( sim, nunca assisti e isso tem até impedido que algumas conversas tenham continuidade em casa... triste isso.. hahahahahha), comecei a procurar algum filme pra assistir e como nenhum sorriu pra mim resolvi buscar algum outro que eu tivesse assistido mais recentemente. 
Lembrei que no começo desse ano antes de eu voltar a trabalhar assisti "Mulheres Alteradas", 2018. 
O filme é baseado nas tirinhas/quadrinhos da cartunista argentina Maitena Burundarena que começou a publicá-las em 2001 e veio mostras com seu humor ácido o mundo das mulheres modernas. 
Você já deve ter visto alguma tirinha da Maitena por aí, uma época eram publicadas na revista Claudia. Eu tenho um cartão postal daqueles que a gente pegava em bares, casas noturnas, cinemas (aliás, saudades). 



O roteiro é do também cartunista Caco Galhardo e a direção de Luís Pinheiro, que trabalharam juntos em "Lili, a ex".
Quando vi esse filme eles davam muito destaque na personagem da Deborah Secco e eu tenho um pouco de preguiça dela... maaaaas vi que no mesmo filme tinha Monica Iozzi, Maria Casadeval e a rainha suprema Alessandra Negrini. Animei e fui assistir, 
Logo de cara o filme começa com TOP TOP de Os Mutantes e vem Monica Iozzi como Sonia, uma mãe de dois filhos pontuando "AS 6 COISAS QUE UM BEBÊ NÃO DEIXA UMA MULHER FAZER" , eu nunca fui mãe mas pelos relatos de todas as mães que eu conheço a lista procede. 
Na sequência vem Maria Casadeval e sua Leandra, millenial que apesar de ter uma vida confortável, ser solteira e tal, diz estar na crise dos 30 e seu maior dilema é antes se contentar com miojo e hoje gastar demais com comidas caras. E que ela é a pessoa mais injustiçada do mundo. Leandra lista "4 ATIVIDADES TÍPICAS PARA QUANDO BATE A DEPRESSÃO"
A terceira a aparecer é Alessandra Negrini com sua Marinate e que a meu ver é a cara de qualquer desenho da Maitena. Marinate é viciada em trabalho e em relacionamentos rápidos, não quer, não tem tempo e nem paciência pra ter relacionamentos fixos. Ela nos apresenta o "TESTE DA GELADEIRA" onde ela consegue identificar o tipo de homem com quem acabou de transar, de imaturo , dependente até casado. 
Por último temos Deborah Secco com Keka, uma mulher casada, mãe de gêmeos e que está infeliz no seu casamento. Keka está planejando uma viagem com seu marido, e só os dois, que ela cha que será o milagre que salvara esse relacionamento que já foi pro saco faz tempo. 
Ela lista "4 COISAS QUE ACONTECEM UM DIA ANTES DE VOCÊ VIAJAR".



As quatro são amigas sendo que além de amigas Sonia e Leandra são irmãs e Marinate é chefe de Keka e a história intercala a viagem de Keka e os eventos que acontecem antes da viagem. Mesmo tratando alguns temas que estão no cotidiano de qualquer mulher como aceitação e quebra de padrões, o mito de que mulher casada e com filhos está morta pro resto do mundo e relacionamentos abusivos, o roteiro deixa um pouco a desejar.
Talvez pelo roteirista ser um homem? Talvez. 
E li num outro post sobre a personagem da Deborah Secco estar quase todo o filme de biquíni e a objetificação dela ter incomodado? Sim, isso e algumas outras coisas. Pode ser porque o diretor também é homem? Pode ser também mas também pode ser ranhetice minha. 
Apesar de eu ter citado a música dos Mutantes lá em cima não foi ela que eu escolhi mas sim Alma Sebosa de Johnny Hooker, que é tocada na parte da apresentação da personagem Leandra. 



Eu me lembro da primeira vez que vi Johnny Hooker se apresentar, foi num reality show do Multishow de 2009 chamado Geleia do Rock. Fiquei fascinada com aquele rapaz meio Johnny Depp meio Marc Bolan com os olhos de Siouxsie Sioux. A voz potente que queria misturar sua cultura de Pernambuco com o punk rock. 
Em 2015 ele finalmente apareceu pra grande mídia mas não foi exatamente pela música mas sim por sua participação em Geração Brasil, novela da Globo e que tinha em sua trilha "Alma Sebosa". Na sequencia a música "Amor Marginal" foi parar na trilha de outra novela da Globo, Babilônia. O título "Alma Sebosa" veio de um termo muito usado pelos pernambucanos e segundo ele disse numa entrevista ao Conversa com Bial,  usado por apresentadores de programas sensacionalistas para pessoas que não prestam e aos que eram presos nas reportagens. 
Numa outra entrevista ele explica do porque o Hooker como nome artístico e como diz o próprio titulo da entrevistas: JOHNNY HOOKER NÃO É HOMEM NEM MULHER. É UMA ENTIDADE.  
As músicas são do mesmo álbum chamado "Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar, Maldito"
Mas o filme é divertido de verdade, as meninas estão ótimas e as cenas com a Negrini são as melhores, inclusive as com João Vicente. E vem nos fazer refletir que na verdade todo mundo tem algo que agrada e desagrada na vida e não tem problema. Nenhuma vida é perfeita e que bom que a vida é assim, não?
Bom final de semana, cuidado com o coronga. 







sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Be good to yourself 'cause nobody else has the power to make you happy !




 Outro dia eu estava escutando rádio e tocaram uma música do George Michael, todo mundo curtindo muito eis que a ancora fala "Vou escutar George Michael a noite toda".
Depois disso fiquei pensando nele e a falta que ele faz.
Assim como com Chris Cornell e Michael Jackson, a morte dele me abalou muito e eu até me sinto negligente com ele pois em certo momento eu parei de acompanhar a carreira mas senti demais a sua morte , demais! 


Tem músicas que eu escuto e choro, isso mesmo que você leu, EU CHORO! A música me toca, a letra me toca. Heal the Pain é uma dessas. 
Heal the Pain está no álbum "Listen Without Prejudice Vol.1", lançado em Setembro de 1990 que tem Freedom 90' como a música mais conhecida desse álbum mas Praying for time que ficou em primeiro lugar na Billboard. 
George Michael compôs essa música  no estilo de Paul McCartney como uma homenagem ao beatle e depois de saber disso eu até identifiquei esse estilo na música. Em 2005, os dois a regravaram. A faixa também foi incluída na coletânea Twenty Five. Outra versão da música foi gravada por Fernanda Takai e Samuel Rosa, eu escutei mas vou poupá-los se vocês quiserem tem no YouTube , chama "Pra Curar Essa Dor" e está no álbum "Na Medida do Possível" de 2014. 

Versão original:



Versão com Paul:




Vamos ao filme... "Uma Segunda Chance Para Amar" é um filme de 2019 que tem a direção de Paul Feig , talvez você o conheça por Missão Madrinha de Casamento, Caça Fantasmas ( com as mulheres e que eu amo de paixão) e alguns episódios de séries como Arrested Development , 30 Rock, Mad Men, Weeds e The Office. 
O roteiro é de Emma Thompson e Greg Wise. Emma dispensa apresentações e Greg pode ser lembrado mais recentemente por ter vivido o tio do Principe Philip em The Crown ou se vc for mais ou menos da minha idade vai lembrar dele em Razão e Sensibilidade. Ah, tem também a contribuição de Bryony Kimmins, inspirado na música Last Christmas ( que é o título original do filme e faz muito mais sentido). 
Eu sempre olho outros posts de filmes ou antes de assistir ou antes de escrever, no último caso pra ver se eu ando tão crítica ou se tem mais gente cri cri que nem eu ou a gente tem mesmo razão, hahahhaha. 
E no caso de "Uma Segunda Chance..." em geral as pessoas acharam o filme médio e ele realmente é médio mas um médio de bom entretenimento. 
Conta a história de Kate (Emilia Clarke), uma imigrante iugoslava que mora em Londres e é aspirante a atriz de musical. 




Kate é desorganizada, egoísta, bagunceira, irresponsável entre outras coisas mas tudo isso não é só culpa dela e da personalidade dela. Kate sofreu um acidente e desde então tudo fica mais complicado pra ela. 
Eis que ela conhece Tom ( Henry Golding) e essa relação faz com Kate melhore como pessoa, melhore seu relacionamento com as pessoa e tudo em sua volta. 



O filme é recheado com músicas de George Michael e Wham! o que automaticamente me fez lembrar de A Agenda Secreta do Meu Ex-Namorado que era cheio de músicas da Carly Simon. 
Aqui tem uma playlist do Spotify com as musicas do filme:

https://open.spotify.com/album/19DLHcBbmdGgyefBAJutwZ

É uma boa opção prum final de semana que você quiser esquecer a zona que estamos vivendo.
Se cuidem, bebam água, curtam o final de semana e mantenham a calma. 





sexta-feira, 30 de julho de 2021

As pessoas nos dão aquilo que elas podem dar, nada mais nem menos!


 Faz alguns meses eu comecei a fazer uns cursos de Umbanda e logo de início o coordenador do curso começou a falar sobre nossa relação com nossos ancestrais.
Que devemos conhecer suas histórias, aprender com os erros afim de não repetir esses erros e agradecer pois se estamos aqui hoje, devemos a eles.
Por conta disso comecei a procurar mais informações sobre meus avós, bisavós... Nessa "descobri" de que lugar do Japão eram meus avós paternos e que eles eram Capricornianos, tanta coisa se explica ( falou a maluca dos signos), entre outras coisas. 
 




Já da parte da minha mãe, fiquei sabendo que meus bisavós se misturam em portugueses, italianos, mineiros e indígenas. Que meus avós são do interior de SP e não muito mais. Não sabemos se minha avó era MERCHIORI ou MARCHIORI ( será se sou parente da Val?).





No meio de tudo isso veio o Oscar e entre os filmes indicados tinha Minari, que eu dei o meu famoso selo Caguei pra esse filme. Maaaaaaaaaaaas começaram a falar sobre ele e fui ver o trailer e no trailer e numa das cenas aparece a avó jogando com o  neto um joguinho que eu jogava com meu pai e acendeu a luzinha "olha a ancestralidade aí", resolvi assistir. 



Minari (2020) é um filme estadunidense com roteiro e direção de Lee Isaac Chung. Lee tomou a história de sua família como inspiração para o roteiro do filme e é uma história bem comum e que certamente você tem algum parente ou conheça a história de alguém que veio de outro país (ou de outro estado, de outra cidade) para tentar uma vida melhor.
Chung numa entrevista ao The New York Times revelou que ficou com receio de seus pais se sentirem ofendidos pois o filme é praticamente autobiográfico, já seus pais ficaram com receio da reação dos coreanos com o filme. 
Minari conta a história de Jacob (Steven Yeun), o pai da família coreana que sai da Califórnia para uma fazenda no Arkansas. Jacob tem o sonho de prosperar e a sua ideia é bem interessante. Ele quer produzir vender produtos coreanos para fornecer aos mercados pelos EUA já que tem muitos coreanos no país e que sentem falta de alimentos desse tipo. 
Jacob não está sozinho, tem com ele sua esposa Monica (Han Ye-Ri) e seus filhos Anne (Noel Cho) e David (Alan S. Kim). Monica não está nada feliz de ter saído da California e ido pro meio do mato e a gente até entende sem nem saber como era a vida dela antes. 
Eles chegam e a casa não dá pra exatamente ser camada de casa. Eles trabalham separando pintinhos fêmeas de machos e de noite e nas folgas Jacob se dedica a sua plantação. 
No meio de vários contratempos eles recebem a mãe de Monica, Soonja (Yuh-Jung Youn - se você assistiu a cerimônia do Oscar foi a vencedora de Melhor Atriz Coadjuvante), é muito interessante observar a relação da família, a resiliência, a paciência e até a falta dela. 
É chover no molhado dizer que as cenas entre David e Soonja são memoráveis e que as vezes (muitas vezes) a gente despreza a sabedoria dos mais velhos como quando Soonja dá sua opinião sobre como a filha cuida do neto e o que ela tem que fazer pra que ele seja saudável.
A cena preferida do diretor é uma em que todos estão reunidos jantando, vendo um progrma na tv que está gravado em fita VHS e Soonja comenta sobre a música que está tocando. Para Chung a cena é cheia de recordações e simbologias. 



Minari é bem lento, como disse Inácio Araujo na sua crítica, parece que nem o próprio Chung acredita muito no filme mas ele merece sim sua atenção, você acaba se envolvendo com as adversidades e torcendo para que a família seja feliz mas fica o questionamento o que te faz feliz? Do que você precisa de verdade pra dizer que você é feliz?
Assim como o post de "Você não estava aqui" A uberização da vida esse também não tem trilha sonora. 
Bom final de semana e já aviso que semana que vem devo fazer mais 2 postagens, oremos. 



sexta-feira, 23 de abril de 2021

How many roads must a man walk down before you call him a man?

Olá querides, como vão? Espero sinceramente que bem. 
Falei que falaria de filmes concorrentes ao Oscar, certo? No post anterior falei sobre Os Estados Unidos vs Billie Holiday e nesse eu fiquei em dúvida se escreveria sobre O Som do Silêncio ou sobre Uma Noite em Miami. Acabei escolhendo o segundo apesar de ter gostado mais do primeiro. 
Vocês podem estar pensando : "Mas se ela gostou mais do primeiro porque vai escrever sobre o segundo?"
Porque quase todo mundo escreveu sobre o primeiro, não que ele não mereça. Merece sim pois é um ótimo filme, inclusive assistam. 
Mas acho que por ser o primeiro longa de Regina King como diretora e por ele de certa forma me lembrar um dos meus filmes preferidos resolvi escolhê-lo. 


Uma Noite em Miami é um filme de 2020 e está disponível no Amazon Prime Video.Baseado na peça de teatro de mesmo nome e escrita por Kemp Powers e foi ele mesmo quem fez o roteiro para o filme, Powers também é responsável pelo roteiro de Preciosa e Soul ( indicado ao Oscar de Melhor Longa de Animação).
O filme relata um encontro fictício numa noite de 1964 quando Cassius Clay (Eli Goree) , que posteriormente se tornará Muhammad Ali, derrota Sony Liston. 



Que o encontro aconteceu, aconteceu. Mas se ele foi como relatado no filme ninguém sabe. 
Esse encontro foi exatamente para celebrar essa vitória de Cash, é como os outros 3 amigos o chamam. E quem são esses amigos? 
Sam Cooke (Leslie Odom Jr), Malcom X ( Kingsley Ben-Adir) e Jim Brown (Aldis Hodge).


Mas antes do encontro entre eles acontecer o roteiro traz pequenos acontecimentos para nos fazer entrar no clima do que une esses quatro homens, como Cooke se apresentando num hotel de brancos e enquanto ele se apresenta esses brancos vão se levantando um a um ou Brown indo visitar um velho conhecido , branco, que o recebe na varanda da casa e faz questão a todo o tempo de deixar bem evidente onde é o lugar dele. 
Todos os atores estão muito bem, Eli Goree captou bem o olhar de Clay, como o corpo se posiciona, como se move mas é Leslie Odom Jr. quem arrasa, tanto que está concorrendo ao Oscar de melhor ator coadjuvante mas não leva. É notável que o ator se empenhou demais se pegarmos a cena da ultima apresentação de Cooke e a mesma cena interpretada por Leslie no filme até o modo como ele mexe a boca para cantar é igual. 
Bom, então acontece a luta, Clay vence e Cooke é o primeiro a chegar no hotel onde combinou de encontrar os demais. Na sequencia chegam Malcom X, Brown e Clay. Até então eles acham que srá uma festa, com bebida, mulheres, música. 
Mas Malcom tinha outros planos pra noite e eles acabam ficando ali naquele quarto de hotel onde vários assuntos são abordados, alguns mais suaves, outros mais duros, chegando até discussões mais acaloradas.


Pelo filme ficar boa parte nesse cenário me fez lembrar de Deus da Canificina (2011 - Roman Polanski) que assim como esse filme é baseado numa peça teatral. Fazer com que um filme baseado em uma peça teatral e com pouquíssimo cenário fluir não é fácil e nem pra qualquer um e Regina King conseguiu cumprir a tarefa com bastante êxito. 
Numa das cenas bastante importantes do filme Malcom questiona a Cooke qual a função da arte na luta deles e coloca para tocar "Blowin in the wind" de Bob Dylan e provoca : 'Como um branco de Minessota pode compor uma música que diz tanto a nossa luta?". Cooke engole seco e mais pra frente confessa a Brown que quando ele escutou a música pela primeira vez ele ficou muito puto e que aquilo fez com que ele começasse a trabalhar numa canção e em breve a lançaria. 
A música em questão é A Change in Gonna Come. Além da música de Dylan vários outros episódios da vida de Cooke o inspiraram a compor a canção como quando ele tentou se hospedar num hotel de brancos e foi impedido. 



Cooke não pode presenciar o lançamento da música que foi gravada em Janeiro de 1964 pela RCA  produzida por Hugo & Luigi, mas Cooke foi assassinado em Dezembro do mesmo ano e a música foi lançada meses depois.
Temos inúmeras regravações dessa música que se tornou o hino do Movimento pelos Direitos Civis. 
Entre várias versões vou destacar Otis Redding e Aretha Franklin.
A versão de Otis: 



E a versão de Aretha: 




Já cantaram Bettie LaVette e Jon Bon Jovi, Patti Labelle e Beyoncé, passando por Celine Dion e Jeniffer Hudson. 
É incrível e triste como hoje em dia ainda estarmos aguardando por essas mudanças. Mais um filme pra assistir e refletir. 
Domingo tem premiação, façam suas apostas. Se der vou fazer um post só com as minhas apostas. 
Até mais.







quinta-feira, 15 de abril de 2021

“It’s about human rights. The government forgets that sometimes.”

 No último final de semana assistimos "Estados Unidos vs Billie Holiday". Andra Day interpreta Billie e está concorrendo ao Oscar de Melhor Atriz e sim, ela está muito bem. Leva o prêmio? Sinceramente não acredito que leve mas não sabemos o que se passa nos votantes da Academia.
O filme foi lançado pela Hulu e tem direção de Lee Daniels e roteiro adaptado de Suzan - Lori Parks baseado na obra de Johann Hari ( Chasing the scream ).
Gostei do filme ? Sim mas não amei. Explico! 

Me incomodou demais o modo vazio com que a vida de Billie Holiday é tratada, reduzindo a um pedaço de carne que era viciada, tinha relacionamentos ruins e se drogava. 
E pelo amor da deusa, ela foi muito mais que isso. 
Tudo bem que o filme vem contar um episódio na vida dela mas um pouco mais de cuidado e carinho pela roteirista e pelo diretor poderia ter sido feito. E olha que Lee Daniels dirigiu um filme que gosto muito, Preciosa.
A passagem em questão foi quando Billie gravou Strange Fruit e o Governo americano passou a persegui-la por conta da música. Pra entende tudo isso é necessario contextualizar o cenário como um todo e depois seguir para a música e o porque da perseguição. 
Em 1936, o professor, poeta e compositor Abel Meeropol escreveu o poema " Strange Fruit" após o linchamento de dois homens negros e diante de tantos outros que aconteciam principalmente no Sul dos EUA.
 Abel publicou sob pseudônimo de Lewis Allan. Tempos depois ele musicou o poema e até o apresentou em alguns protestos, inclusive no Madison Square Garden. 
Foi Barney Josephson que a apresentou a Billie Holiday que a cantou pela primeira vez no Café Society em Greenwich Village. 
Depois dessa primeira vez , Billie sabia que a música tinha que fazer parte do seu repertório e é claro que o Governo discorda.



 
Billie não conseguiu gravar a música pela sua gravadora , Columbia Records, então coube a uma gravadora menor , a Commodore Records fazê-la. 
A música se popularizou, todos queriam que ela cantasse e ela queria cantar mas como houve uma perseguição sem tamanho a ela, com outros argumentos que não a música para prendê-la .
Sua mãe chegou a questionar porque ela se fazia notar daquela maneira e ela respondeu "Porque pode melhorar as coisas". 
No filme ela fala que o Governo não gosta da canção pois ela o faz lembrar de tudo que ele fez e faz aos negros. 
No ano passado, com a morte de George Floyd a música ressurgiu nos protestos e aquele bando de gente que nunca refletiu sobre isso postando "Black Lives Matter". Eu pergunto, será que importam mesmo ? 
O quanto antirracista você é? 
Entendem porque o filme nunca poderia ser resumido ao que se resumiu ?
Por aqui temos tantas atrocidades quanto lá mas aqui as vidas negras importam ainda menos, afinal de contas "A carne mais barata do mercado é a carne negra..." não é mesmo?
Segue a letra da música e o link dela:

Strange Fruit


Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black body swinging in the Southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant South,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolia sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh!

Here is fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.



quarta-feira, 7 de abril de 2021

A uberização da vida


E aí? Como vão vocês?
Espero que todos estejam bem.
Faz um tempão desde a ultima vez que postei algo e tanta coisa aconteceu e agora estamos todos em quarentena...
Tantas reflexões a fazer e tudo mais e resolvi retomar o blog pra valer, mentira. Mas vou tentar postar com menos intervalos. 
No meio de tanta coisa e com tanto tempo livre assistimos um dos filmes que eu pedi pro Fernando baixar no ano passado, finalmente. 
Se alguém te perguntar "Qual diretor de cinema é seu(sua) favoritx ?", eu nunca sei o que responder por não tenho um somente. 
Por exemplo, amo como Fincher constrói seus filmes, amo a estética e diálogos do Tarantino e ultimamente ando amando muito o quão próximo da nossa realidade está Ken Loach. 
Anos atrás assisti "Eu, Daniel Blake" e eu chorei pra caramba.
Não sei se somente pela tristeza do filme ou se também de desespero pois a situação narrada pelo filme é muito real.
Ken Loach e sua equipe coloca em seu elencos atores pouco conhecidos, talvez por nós e não tão desconhecidos por lá, e que parecem pessoas do nosso cotidiano.




"Você não estava aqui" é um filme de 2019, dirigido por Ken Loach e com roteiro de Paul Laverty. Os dois tem essa parceria desde de 1996 quando Laverty escreveu o roteiro de "Uma canção para Carla".
O filme conta a história de Rick e sua família, Abbie, sua esposo que trabalha como cuidadora, Seb, o filho mais velho e a caçula Liza, eles moram em Newcastle e o ano é 2018. 
O filme começa com Ricky participando de uma entrevista de emprego e já nesse diálogo você já começa a ter uma ideia do que virá. 

A empresa em questão é uma empresa de entregas, tipo Loggi e o papo do entrevistador que depois vamos saber que é o encarregado ( é chefe mas fala diferente, sabe?) que vem com aquele papo de "Aqui você não trabalha pra gente, você trabalha conosco", Você não dirige pra gente, você presta um serviço", "Você bate o ponto, faz eu próprio horário, é senhor do seu prórpio destino". AHAM!!!!!

Bom, Ricky resolve então entrar pra esse serviço maravilhoso mas ele não tem um carro e pra trabalhar com entrega tem que ter um carro, uma van. Como não tem como financiar a van acaba convencendo Abbie a vender o carro que ela usa pra ir trabalhar pra financiar a van. 
A gente sabe exatamente onde isso vai dar, a gente vê isso todos os dias com os entregadores do iFood, Rapi, Loggi, motoristas do Uber, 99...
Vimos esse filme quando teve o primeiro "Breque dos APP" e dias depois estava eu rastreando minha encomenda que vinha pelo Loggi, Que merda,
Voltando, Ricky  trabalha como um louco e ganha pouquíssimo e começa a perceber que ele quase não vê sua família, com Seb dando trabalho na escola e cheio de rebeldia, totalmente comum a idade.
Abbie também não consegue mais chegar cedo em casa pois está sem carro e tem que usar o transporte público. 


E é obvio que eles trabalham tanto pra tentar ter uma vida melhor e dar uma vida melhor a seus filhos.
E aí se identificou com alguma coisa?
Sei que normalmente eu escolho uma música para fazer o post e depois o filme que tem essa música ou o contrário mas esse será um dos poucos posts que não terá música atrelada a ele pois não consegui identificar a única música que toca no filme e é num dos raros momentos que a família está de certa forma reunida e feliz. 
Você nao estava aqui é um dos filmes que todo mundo deveria ver ainda mais nesse "novo normal" (tenho uma raiva dessa nova expressão) e o tanto que a gente tem comprado pela internet e a nossa relação com esses serviços onde a pessoa é ~seu próprio patrão". 


Até breve, devo voltar com mais frequência e pra falar sobre os filmes do Oscar, porque sim.