sexta-feira, 15 de junho de 2018

Uma mulher fantástica e como lidamos com a diversidade.

Já aconteceu de num determinado momento os assuntos coincidirem?
Exemplo nessa semana conversando com uma pessoa sobre vários assuntos surgiu o tema educação para diversidade. Ela estava me contando que estava conversando com uma moça e essa moça tinha uma amiga que estava criando x filhx sem gênero e ela disse: "Eu acho errado isso, como a criança vai crescer sem uma referência?"
E eu pensei: "Livre."
O mais complicado a meu ver será a resistência e o preconceito que a criança vai enfrentar por conta desse pensamento que essa pessoa tem e que ainda é de grande parte da sociedade.
E terá também no Pop Plus e a Rachel e a Carol falarão sobre "Como educar filhos para a diversidade" : Pop Plus Talk Show e justo nessa semana teve o caso do filho da Rachel que estava fazendo crochê na escola e um menino de outra série o xingou. Pra sociedade crochê é coisa de mulher né ?
Eu não sei fazer crochê portanto devo ser homem.
Então que finalmente acabei vendo "Uma mulher fantástica" e não por conta de tudo isso que eu escrevi acima mas porque já era pra ter visto pro Oscar mas fui adiando e ontem finalmente assisti.
Uma mulher fantástica era meu queridinho pro Oscar mesmo sem eu ter visto pelo mesmo motivo que O Segredo dos seus olhos foi na época.
O único representante latino e protagonista. Entrei em euforia quando vi que era uma protagonista trans e que era um filme chileno.
Uma mulher fantástica é um filme de 2017 com direção e roteiro de Sebastiàn Lelio. Gonzalo Maza também assina o roteiro. Não conhecia o trabalho de Lelio e confesso que fiquei bastante interessada por outro filme dele chamado Gloria.

O filme começa com um homem saindo de uma sauna, indo ao escritório pra depois ir a uma boate. Lá está uma bela mulher cantando e ele olhando pra ela. Eles saem dali e vão pra um restaurante.
É o aniversário dela e eles estão comemorando.


Trata-se de Orlando e Marina. Orlando dá a Marina um vale passagem pois perdeu o que tinha comprado, acredita que as tenha deixado na sauna.
Eles voltam pra casa e tá tudo bem, tudo mesmo. Eis que Marina acorda com Orlando sentado na beira da cama passando mal.
Eles saem pra ir pro hospital e Marina começa a procurar as chaves do carro, um segundo que ela o deixa sozinho e ele rola pela escada.
Vão para o hospital e infelizmente não conseguem salvar Orlando. Desse ponto pra frente é um festival de constrangimento, desrespeito e homofobia.
A começar pela enfermeira que não fala nada mas olha Marina com aquele olhar de inconformismo, de "Como pode?"  seguido do médico que vai dar a ela a notícia do falecimento de Orlando que perguntar o nome dela questiona se aquilo é um apelido e evita de encostar nela.
É óbvio que o que Marina menos quer é ter que passar por esses enfrentamentos e ela acabou de perder seu namorado, está sem chão, sem rumo.

E ela liga pro cunhado, que não a conhece pessoalmente mas sabe quem ela é. Ele a orienta a não ligar pra mais ninguém e com o decorrer do filme eu nem acho que ela faria isso.
Ainda desorientada e possivelmente com receio do que está por vir Marina foge e acaba sendo abordada pela polícia. Ah vá que o médico chamou a polícia?
Chamou. E ela é trazida de volta para o hospital pra sem interrogada pelo policial. Preciso falar que ela passa por mais constrangimento?
O policial se nega a tratá-la pelo nome social e ela sempre pergunta se está sendo presa. Então o cunhado chega e diz que está tudo bem.
O cunhado não está longe de ser seu aliado pois em vários momentos ele é omisso, muito provavelmente pelo medo do julgamento.
Tem o filho de Orlando, Bruno, que é um babaca e insiste em chamá-la de Marisa, de propósito é claro e que questiona a ela ' o que você é' e ela responde ' sou igual a você'. 
Tem também a ex-esposa que quer o carro e o apartamento do falecido mas não quer contato com Marina.Quando Marina vai entregar as chaves do carro a Sonia, a ex-esposa , ela diz coisas horríveis a Marina como que ela acha aquela relação deles é uma perversão e que ela é uma quimera, e que não consegue entender o que deu em Orlando.
A cena do elevador que vem na sequência e o silêncio é incômodo. Sonia pede que Marina não vá ao velório.

Marina vai e é expulsa de lá, a sequência do episódio é terrível, pouco se mostra o que é pior porque a gente imagina.
Ah, eu achei, pobre de mim, que a policial do departamento de crimes sexuais ( sim a todo tempo acham que ela matou o namorado) seria empática mas claro que não. Chega a perguntar se Marina recebia pagamento para se relacionar com Orlando e a leva ao constrangedor exame clínico onde o médico mal sabe como lidar com Marina ao posto de perguntar a policial como deve chamá-la, tudo alí bem em frente a Marina.
Marina é a mulher fantástica do título porque mesmo cm tudo que ela passa ela se abala mas se ergue, sente cada agressão mas não revida.
O filme tem 1h24 e passa num piscar de olhos. A fotografia é belíssima em especial na cena da boate em que Marina se imagina dançando cheia de brilhos.

Ah, o filme se passa em Santiago e eu fiquei tentando identificar algo familiar já que estivemos lá no ano passado e bem nosso restaurante vegetariano aparece, Evergreen.

TIRA FOTO DO COMPUTADOR SIM!
Há poucas músicas na trilha e eu acabei indo no óbvio, vocês me desculpem...
You make me feel like a natural woman toca exatamente no momento em que Marina está dirigindo pra encontrar Sonia e pra mim tem seu motivo. Pra mim é como Orlando a fazia se sentir mas há quem ache o contrário. Tudo bem, uai.
O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro desse ano.
Cena do filme que foi inspirada na imagem abaixo.

Self-Portrait por Armen Susan Ordjanian

A música foi lançada em 1967 no álbum Lady Soul de Aretha Franklin. Foi composta por Carole King e Gerry Goffin. Alcançou o número 8 na Billboard . E teve versões de Celine Dion e Mary J. Blige.

Tenham um ótimo final de semana. quem puder ir ao Pop Plus no Clube Homs vá no sábado pra ver a roda de conversa com a Rachel e a Carol ou vá no domingo.
E vamos refletir. Não é feio mudar de visão, opinião, atitude.  

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