quinta-feira, 24 de maio de 2018

Ódio nunca resolveu nada, e sim a calma.







Lembra que eu falei que alguns filmes do Oscar decepcionaram porque deixaram o final aberto?
Três anúncios sobre um crime não é diferente. O que frustrou algumas pessoas como o Fernando e minha prima Glaucia.
Esse filmes tem direção e roteiro de Martin McDonagh com o qual tive uma primeira não tão satisfatória experiencia, Na Mira do Chefe. A começar pelo fato de eu não ir muito com a fuça de quem me indicou esse primeiro filme  e tinha o Colin Farrell, minha birra cinematográfica eterna.
Eu consigo abstraí-lo em Coração Louco, já é um começo.
Vieram os filmes indicados ao Oscar de melhor filme e vi "Três anúncios sobre um crime" e tinha a Frances McDormand, e Woody Harrelson e minhanossasenhora Sam Rockwel. Tinha quer ver.
Então aquele processo de sempre, marido baixa, o filme fica lá uma eternidade e quando ele resolve remover eu falo que quero ver.
Vimos e eu gostei demais do filme, inclusive por deixar sem um final.
Vamos ao filme.. ele se passa em Ebbing, Missouri. Mildred Hayes aluga três outdoors que ficam na entrada da cidade e encomenda um anúncio para cada outdoor.
Enquanto os anúncios são colocados, durante a noite ,o policial Jason Dixon está passando e aborda da maneira mais policialnesca (inventei agora) o rapaz negro ( sim, é necessário dizer que ele é negro) que está trabalhando na colocação do outdoor.
Dixon quer saber o que é aquilo, fica muito pistola então o rapaz fala que se ele ficou pistola com aquele que ele viu deveria olhar os outros dois.
E o que tem nos outdoors?

 Mildred teve a filha estuprada e morta e o crime não foi solucionada. Ela encontra nos outdoors uma maneira de protestar e cobrar principalmente do xerife Bill Willoughby uma solução.
As consequências e acontecimentos que vem após a colocada dos outdoors são várias mas posso afirmar que nenhuma é positiva.
Passa da hostilidade que seu filho Robbie é obrigado a enfrentar na escola, por como ela é tratada e perseguida por toda a cidade.



Nesse meio todo o xerife Willoughby descobre que está doente e acaba se matando, Dixon que é completamente fora da casinha acha que foram os anúncios que fizeram seu chefe se matar e por isso ele precisa fazer justiça pela morte do chefe.
Dixon é completamente racista, homofóbico e que sempre age por impulso. E que tem uma mãe tão maluca quanto ele que sempre dá razão, acoberta e incentiva as atitudes do filho.


Tenho também que falar do ex-marido de Mildred, Charlie, que é machista e pelo que podemos perceber sempre a agrediu física e verbalmente.


Charlie culpa Mildred pela morte da filha o que ele nem precisava fazer pois ela já se culpa o suficiente , pois mãe e filha discutiram no dia em que a garota foi assassinada
Assim como em Na Mira do Chefe o diretor mistura drama com humor ácido e temos em Peter Dinklage o alívio cômico do filme.
A discussão em questão no filme pra mim é como lares desestruturados constroem indivíduos muitas vezes desequilibrados e também discute a violência banalizada. Além de questionar se a vingança e/ou a procura por justiça compensa ou não. Em algum momento você dá razão pra um, pra outro e até pra nenhum deles.
No papel de Mildred está Frances McDormand,  Woody Harrelson é o xerife, Sam Rockwell é Dixon.
Acho que nem preciso dizer que recomendo, né?
Ah... já estava esquecendo da música.


The Night They Drove Old Dixie Down é uma música da banda The Band e foi lançada em 1969 no álbum The Band.


Foi composta por Robbie Robertson e originalmente gravada pelo The Band e posteriormente regravada por Johnny Cash e Joan Baez e é essa versão que está no filme.
A letra fala sobre os últimos dias da Guerra de Secessão e suas consequências. Robert afirma que tinha o ritmo da canção nas ua cabeça mas não sabia o que colocar na letra. Então estudou a história a começou a escrever e numa visita a sul dos Estados Unidos e reparou que a expressão muito usada por lá  e que a princípio ele cahou bem tola:" Não se preocupe, o Sulvai se reerguer novamente"
Depois refletindo e viu ali muita dor e tristeza. Uma espécie de tristeza bonita...
Versão de Johnny Cash:


Versão de Joan Baez:


Ah... O título do post é um trecho da carta que o xerife deixa pra Dixon:

“Jason [Dixon], estou morto agora, me desculpe por isso. Tem algo que eu nunca te disse enquanto estava vivo, mas gostaria que você soubesse. Acredito que você tem condições de se tornar um ótimo policial, Jason, e sabe por quê? Porque, lá no fundo, você é um cara correto. Eu sei que você não acha que eu penso isso, mas eu penso. Mas eu também acho que você é irritado demais, e eu sei que isso vem desde quando seu pai morreu e você teve de ficar cuidando da sua mãe e tudo o mais, mas enquanto você ficar alimentando tanto ódio eu acho que você não vai conseguir se tornar o que eu sei que você quer se tornar: um detetive. Pois você sabe o que você precisa para se tornar um detetive? Eu sei que você vai estranhar quando eu disser isso, mas o que você precisa para se tornar um detetive é de amor. Pois através do amor vem a calma, e através da calma vem o raciocínio. E você precisa de raciocínio para perceber as coisas às vezes, Jason. Isso é praticamente tudo o que você precisa. Nem sequer de uma arma você precisa. E certamente não é de ódio que você precisa. Ódio nunca resolveu nada, e sim a calma. E o raciocínio, também. Faça uma tentativa. Tente, pra variar um pouco. Ninguém vai pensar que você é gay. E, se pensarem, prenda-os por homofobia! Seria surpreendente! Boa sorte, Jason. Você é um bom homem, e, sim, teve muita má sorte até agora, mas as coisas vão mudar. Eu posso sentir isso.”

Bom final de semana pra vocês.






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